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Do Líbano para Anápolis, uma viagem na
história de Mounir Naoum

 

Claudius Brito- Especial para o Jornal CONTEXTO- No final da tarde da última terça-feira, 22/03, as portas da conhecida mansão da Avenida Maranhão, no Bairro Jundiaí, foram abertas. Para muitos, impressionou a beleza do lugar, a arquitetura, o verde.


 

Mas, de fato, a real beleza do lugar estava no lado dentro: um homem sentado num sofá, sorriso aberto e braços estendidos para quem chegasse para cumprimentá-lo.

No alto dos seus mais de 90 anos de idade, humilde, lúcido e fraterno, ninguém menos que uma das principais personalidades da história de Anápolis, o empresário Mounir Naoum recebeu familiares, a imprensa e uma verdadeira legião de fervorosos amigos para o lançamento do livro: “Mounir Naoum - Do Líbano ao Centro-Oeste do Brasil”.

Uma a uma, as pessoas que chegaram faziam questão de um abraço, uma pose para a foto. Devido às limitações da idade, ele não discursou no evento. Coube a Mounir Naoum Filho fazer as honras da casa, em nome da família.

E, diga-se de passagem, não precisava mesmo de discurso. Os gestos e a presença de Mounir foram muito mais do que suficientes para preencher aquele momento histórico, onde o personagem encontra o seu lugar no livro e o livro leva para a “imortalidade” tudo aquilo que se passou, todos aqueles que embarcaram e desembarcaram na sua preciosa viagem da vida.

 Autores

Da esquerda para direita: Danilo (Portal 6), Pedro Sahium,
Mounir Filho e Marconi Perillo


O livro tem a autoria do professor Pedro Fernando Sahium, ex-Prefeito de Anápolis, e do jornalista Danilo Boaventura (Portal 6), com ilustrações do desenhista e arquiteto Luiz Antônio Costa. São mais de 150 páginas, cerca de dois anos de trabalho de pesquisa e produção do material que, ao final, foi transformado na obra literária.

Muitas pessoas foram entrevistadas, dentre elas, os empresários e amigos Munir Caixe e Rachid Cury Neto; Dona Walquíria Luna , esposa do ex-prefeito Jamel Cecílio; os Djon Boys (primeiros pilotos da FAB a voarem no Mirage), Cel. Av. Blower e Cel. Av. Villaça; Solange Teixeira, a secretária particular; empresário Luiz Medeiros; advogado Bill Fanstone; pastor José Carlos Potenciano, dentre outros.

Cada qual trouxe para o livro um pedaço da história viva de Mounir Naoum, onde ele atuou como empresário, desportistas, conselheiro político, sua participação na igreja, nos movimentos sociais e, sobretudo, naquela que é a sua especialidade: fazer e cultivar amizades.

Essa foi a tônica de todos os que se utilizaram para falar sobre o livro e o seu personagem, durante o lançamento. Discursaram os autores - Pedro Sahium e Danilo Boaventura - que relataram um pouco da experiência que foi montar o livro e as ricas passagens na história que o mesmo traz; o presidente da Associação Educativa Evangélica, Augusto Ventura, amigo da família e por muitos anos, advogado no grupo dirigido pelo empresário e que leva seu sobrenome; Mounir Naoum Filho, que colaborou em várias etapas da publicação.

O prefeito Roberto Naves assinalou que o empresário Mounir Naoum “não faz parte da história de Anápolis. Ele é a própria história de Anápolis e de Goiás”. E completou: “Fico muito feliz, porque essa é uma homenagem muito justa a esta pessoa e a esta família.

O deputado federal Rubens Otoni ressaltou: “É uma história fantástica; uma história de luta e de garra de um homem e de uma família que está presente nos momentos mais importantes de Anápolis”.

 

Presente

O ex-governador Marconi Perillo, também, esteve presente, mas preferiu se expressar por meio do abraço efusivo levado ao amigo e personagem do livro, cuja edição contou com patrocínio da Associação Educativa Evangélica, instituição da qual Mounir, também, fez parte.

No seu discurso, o ex-prefeito Pedro Sahium lembrou que quando exerceu o cargo, teve na figura do empresário um dos seus principais colaboradores, de forma voluntária. E, pessoalmente, gostaria de presenteá-lo, mas não sabia como, “para uma pessoa que tem tudo”. Passaram-se os anos e a oportunidade veio com o livro, que acabou sendo, também, para ele um presente e para Anápolis e Goiás, da mesma forma, um presente que enriquece o conhecimento de uma pessoa que fez e faz história.

 

US$ 120 no bolso, uma longa viagem do Líbano para Anápolis. Um caminho de histórias, com empreendedorismo, glamour e também tristezas

Mounir e a esposa, D. Alzira
                                                

  O livro tem todos os pormenores, os detalhes. Não vale contar o início, o meio e o fim. Mas, vale aguçar a curiosidade de algumas passagens importantes e interessantes que o livro resgata.

Uma delas narra a partida do jovem Mounir Naoum do Líbano para o centro do Brasil, cercada de todos os preparativos pelo seu pai, Habib.

O embarque no Porto de Beirute aconteceu no dia 21 de novembro de 1947. A chegada em Anápolis - destino final - deu-se, somente, no dia 9 de janeiro de 1948.

Mounir embarcou com o equivalente a 120 dólares americanos. Fazia questão de economizar, pois não sabia o que lhe esperava. Quando chegou, ele tinha ainda 73 dólares e a primeira coisa que fez foi mandar esse dinheiro de volta ao pai pelo correio, porque aqui ele já estava empregado.

Mounir foi o pioneiro da família no Brasil. Depois dele vieram os irmãos William e George. Juntos, eles constituíram o grupo que com o passar dos anos atuou em diversos segmentos: agropecuária; produção de açúcar e álcool; construção civil e hotelaria. Só para ficar em alguns exemplos.

Glamour

Há, também, passagens no livro, de glamour. O grupo levou para a Capital Federal, um dos mais “chiques” hotéis, sendo, na época, referência para a estadia personalidades mundiais (Naoum Plaza).

Em 1991, Mounir Naoum recepcionou o príncipe Charles e a princesa Daiana, casal badalado da realeza britânica na época; em 1995, o presidente da Argentina, Carlos Menem; em 1997, a recepção foi ao imperador Akihito, do Japão; ainda em 1997, o presidente do Líbano, Elias Hrawi no ano 2000, o rei Juan Carlos, da Espanha; também em 2000, o príncipe da Arábia Saudita, Bin Abdul Aziz Al Saied; em 2001, o presidente da China, Jiang Zemin. Tem, também, na galeria de imagens, uma foto ao lado do, então, presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso. Tudo, devidamente, registrado na publicação.

 Tristeza

Contudo, o livro traz, também, momentos difíceis na vida do empresário, com as perdas de pessoas da família: a esposa, Dona Alzira, com quem casou-se no dia 29 de maio de 1954 e viveu com ele bons momentos de sua vida, como “eterna namorada”.

Antes, a morte dos pais: Habib e Olívia; os irmãos Mary, William, Abdallah, George e Wafa; a filha Margareth, que faleceu de forma trágica num acidente ocorrido nos Estados Unidos. Também, houve a morte de uma neta, vítima de acidente.

 Valores

Em resumo, o livro é uma coletânea de valores, não de valores materiais, mas valores de vida, de exemplos e superação. É uma jornada numa viagem enriquecedora.

Com a princesa Diana

Com o imperador do Japão, Akihito

Com o rei Juan Carlos, da Espanha

Com o presidente da Argentina, Carlos Menem

Com o primeiro-ministro do Líbano Rafik Hariri

Com o presidente Fernando Henrique Cardoso

 

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