POR CLAUDIUS BRITO - Na terça-feira, 29/06, uma manhã de frio em Anápolis e um dia que ficou marcado para um pequeno grupo de estudantes do Colégio São Francisco de Assis, que participaram de mais uma etapa do projeto “Feras do São Francisco - O Futuro Começa Agora”.
No evento, ex-alunos da unidade de ensino que já ascenderam na vida profissional, relatam as suas experiências nas atividades estudantil e profissional, como forma de incentivar os jovens que têm pela frente o desafio de buscarem formação para o mercado de trabalho e, consequentemente, para a vida futura.
E, o escolhido foi um ex-aluno de destaque: o Governador Ronaldo Caiado, que fez uma viagem na sua própria história como estudante, como profissional da medicina e como político. Uma história, diga-se de passagem, que vale a pena ser conferida, porque ela retrata momentos importantes dentro do cenário político de Goiás e do Brasil.
Ronaldo Caiado, natural de Anápolis e filho do casal Edenval Ramos Caiado e Maria Xavier Caiado, nasceu no dia 25 de setembro de 1949.
A vida estudantil foi iniciada, segundo ele próprio narra, no Grupo Escolar (hoje Escola Estadual) “Antensina Santana”, onde cursou o primário. Isso, no final da década de 1960. Logo em seguida, ele fez o chamado exame admissional do já, então, tradicional Colégio São Francisco de Assis, unidade ligada à ordem dos frades franciscana, cujos registros históricos datam a chegada, no Município, nos idos da década de 1940.
Caiado lembra que o Colégio oferecia diversas atividades extracurriculares para melhorar a formação dos alunos, como esporte, música e outros cursos. Ele confessou que nunca foi bem na música e optou por fazer um curso de oratória que, conforme disse, era bastante disputado na época. Até então, não lhe passava pela cabeça que a oratória pudesse definir, adiante, o seu futuro como político e tribuno nas duas casas do Congresso Nacional - Câmara e Senado.
No Colégio “São Francisco”, o jovem Ronaldo Caiado cursou o Ginásio e o Científico, hoje, equivalentes aos ensinos Fundamental e Médio. Foi onde ele recebeu orientação dos professores e diretores, dentre eles, os freis Chicão e Estevão.
Já determinado a cursar Medicina, Ronaldo Caiado terminou a sua formação no Científico em Belo Horizonte-MG, numa escola que era direcionada para os jovens que queriam prestar o vestibular naquela área.
Vestibular no Maracanã
“Eu era, apenas, mais um na multidão”, relatou Caiado, sobre a sua ida para o Rio Janeiro, onde faria as provas do vestibular de Medicina da Universidade Federal daquele Estado.
Eram, segundo lembrou, mais de nove mil candidatos concorrendo a 76 vagas. E um detalhe, com tanta gente inscrita, na época, as provas foram realizadas no famoso Estádio do Maracanã.
Caiado ingressou no curso de medicina da UFRJ no ano de 1972. Lá, também, fez o seu mestrado. Quando, ainda era médico-residente, atendeu a um jovem que sofreu um acidente praticando surf, tendo o mesmo - narrou Caiado - ficado com uma lesão grave na coluna cervical.
Conta Caiado que esse jovem o instigou se o tratamento que estava recebendo era tudo que ele poderia oferecer, já que o acidente lhe deixaria sequelas. Diante do desafio, foi em busca de mais conhecimento, fazendo uma especialização em Cirurgia Ortopédica e Traumatológica em Paris-França.
Ao retornar para o Brasil, ainda, lecionou para estudantes de Medicina no Rio de Janeiro, onde, quando chegou com o sonho na bagagem de se tornar médico, sofreu uma espécie de bullying por ser de Goiás, então, um estado que alguns conheciam como “roça” ou terra de índios e pelo sotaque arrastando o “r” de sua população.
De volta a Goiás, já com considerável bagagem na medicina, Caiado exerceu a profissão. “Sempre gostei de atender, de ajudar as pessoas”, frisou, completando que sempre gostou também de estudar.
No Colégio São Francisco e em outros colégios num passado não muito distante, era obrigatório o estudante levar o boletim para casa e colher a assinatura dos pais, após, claro, a verificação das notas. Caiado, entretanto, não teve problema com notas vermelhas.
A política veio com a tradição da família e o movimento ruralista da UDR
A família Caiado tem tradição na política de Goiás. Vários parentes de Ronaldo exerceram mandatos de deputado estadual e federal. O avô, Totó Caiado, foi deputado federal e senador e o tio, Brasil Ramos Caiado, foi Presidente (cargo equivalente a governador) de Goiás entre 1925 a 1929 e, também, senador.
Durante a sua fala aos estudantes anapolinos, Ronaldo Caiado trouxe à memória um momento importante da vida nacional.
Segundo ele, o Brasil se preparava para escrever uma nova Constituição (a de 1988, a que hoje está em vigor no País) e, por volta de 1986, havia a movimentação em torno de uma “tese socializante”, que tinha o objetivo de transferir as terras dos proprietários rurais para a União e, a partir daí - conforme a doutrina - o Governo Federal definiria de quem seriam as terras.
Era a proposta da reforma agrária que, então, crescia no País através de movimentos políticos e populares.
“Me insurgi contra aquilo”, relatou Caiado, já na época, também, produtor rural. Ele, então, iniciou um movimento que ganhou corpo no Brasil, na defesa da propriedade, através da União Democrática Ruralista (UDR).
Mas, diante do quadro que se tinha, não havia outra opção, se, não, mudar aquele quadro pelo viés político.
Assim, um dia, Caiado chegou ao pai dizendo que iria se candidatar à Presidência da República. O pai, já tarimbado na política, o desaconselhou, porque, ainda, o filho sequer tinha disputado e vencido uma eleição de vereador.
No ano de 1989, Ronaldo Caiado disputou a Presidência, então, pelo Partido Social Democrático - PSD, quando tinha 39 anos de idade (era o mais jovem entre os concorrentes na época). Ele obteve 488.872 votos. Mas, a eleição foi vencida, na época, pelo alagoano Fernando Collor de Melo, do Partido da Reconstrução Nacional - PRN, que despontava na política como nova liderança no País.
A luta de Caiado na UDR e sua participação na eleição presidencial foram passos fundamentais na carreira política.
A partir daí, são cinco mandatos de deputado federal, no período de 1991 a 2015; um de senador, 2015 a 2019; e o atual, de Governador de Goiás, conquistado na eleição de 2018, que ele venceu em primeiro turno com 1.773.185 votos (59,73% dos votos válidos naquele pleito).
Sonhar, lutar, estudar. Foi o recado deixado aos estudantes de Anápolis por Ronaldo Caiado, o jovem que começou a estudar numa escola pública. Passou por unidades de ensino privado, oportunidade que muitos não têm, mas, nunca se perdeu dos seus objetivos e ideais.
Há quem possa discordar das ideias e dos caminhos políticos percorridos por Ronaldo Caiado. Mas, ninguém pode discordar que o caminho da educação é o caminho das transformações, na vida pessoal, profissional e política. O conhecimento, pois, é também um pilar da democracia, da liberdade, da igualdade que, se, ainda não conquistamos de forma plena, temos de nos esforçar em buscar nessa ou nas gerações futuras.
RAIO-X RONALDO RAMOS CAIADO
Filiação: Edenval Ramos Caiado e Maria Xavier Caiado
Casado: Gracinha Caiado
Filhos: filhos Marcela (E), Maria, Ana Vitória e Ronaldo Filho
79.º Governador de Goiás
1° de janeiro de 2019 a atualidade
Vice-governador: Lincoln Tejota
Senador por Goiás
2015-2019
Deputado Federal
2011-2105
2007-2011
2003-2007
1999-2003
1991-1995
Partidos
PFL (1993)
PPR (1993-1994)
PFL (1994-2007)
DEM (2007- atual)
Presidente Regional do DEM
Dados pessoais
Nascimento: 09/1949
Natural: Anápolis, Goiás
Profissão: Médico/Proprietário Rural
Religião: Católico
Homenagens
Medalha Mérito Legislativo, Pedro Ludovico Teixeira
Medalha do Pacificador, Exército Brasileiro
Ordem do Mérito Militar
Honra ao Mérito, Associação dos Juízes Classistas da Justiça do Trabalho de Anápolis
Diploma Ordem Anhanguera do Mérito Judiciário do Trabalho
Comenda Cruz do Anhanguera, Grande Loja Maçônica de Goiás
Comenda Zeca Batista, Centenário de Anápolis
Certificado, Congresso em Foco 2009
Vários títulos de cidadania de cidades goianas e de outros estados
Vários títulos de instituições por reconhecimento a serviços prestados
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