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A Base Aérea de Anápolis e os Chefes de Estado. Um voo na história

 


Claudius Brito

ESPECIAL

Jornal/Portal CONTEXTO

 

Enquanto se prepara para receber as primeiras unidades do F 39E Gripen - a nova geração de caças da Força Aérea Brasileira - a Base Aérea de Anápolis, hoje denominada ALA 2, vai se preparando, também, para escrever novos capítulos na sua história e, consequentemente, na história do Município, de Goiás e do Brasil.

E põe história nisso... Afinal, desde o começo da década de 70, a cidade tem mantido uma relação de proximidade e afetividade com aquela unidade militar. Nem mesmo o fato de o Município ter deixado de escolher os seus prefeitos, por ser considerada Área de Interesse da Segurança Nacional, no período de 1973 a 1985, ou seja, por mais de uma década, impactou nessa relação.

Durante muitos anos, a população anapolina se acostumou com os estrondos dos caças Mirage quebrando a barreira do som no espaço aéreo da região ou, então, com o barulho das turbinas nos voos sobre a Cidade em datas comemorativas, como o aniversário de emancipação ou o 7 de Setembro. E, ainda, nas apresentações durante o tradicional evento dos Portões Abertos.

Porém, há outras lembranças guardadas na história da Base Aérea de Anápolis, dentre elas, algumas delas poucas citadas, que são as visitas dos Chefes de Estado, ou seja, dos presidentes da República.

 

Visitas ilustres


 

A, então, Base Aérea de Anápolis (BAAN), tornou-se operacional - conforme os registros históricos - no dia 23 de agosto de 1972. Mas, somente dois anos depois, ou seja, em 1974 (não há data precisa), houve a primeira visita de um Chefe de Estado na unidade militar. Foi o então presidente general Emílio Garrastazu Médici.

O registro dessa visita oficial, inclusive, consta de um vídeo que faz parte do acervo do Arquivo Nacional, ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e poderá ser acessado na publicação dessa reportagem no Portal Contexto.

No vídeo, o presidente Garrastazu Médici aparece conhecendo as instalações, junto ao corpo de oficiais da Força Aérea. Na época, ele assistiu a um voo de oito aeronaves Mirage III/D, o caça de fabricação francesa designados na FAB como F-103 Mirage, a primeira geração da aviação supersônica do País.

 

Abastecimento no ar


 

O sucessor de Garrastazu Médici na Presidência da República, o, também, general Ernesto Geisel, visitou, oficialmente, a Base Aérea de Anápolis no dia 21 de julho de 1976. Esse registro consta numa base de pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A data é mencionada numa imagem colhida pelo fotógrafo Adão Nascimento, do jornal Estadão, que relata um dos ápices da visita, que foi o acompanhamento do abastecimento de dois caças Mirage em pleno voo. Há outros registros fotográficos dessa visita com créditos para os fotógrafos Jair Cardoso e Sônia Rego e para o Jornal do Brasil (Estúdio/Agência).

Durante a visita, o presidente Geisel foi acompanhado por várias autoridades militares e também civis, dentre elas, o então Governador Irapuan Costa Júnior, que foi Prefeito de Anápolis. Na gestão de Irapuan, foi criado o Distrito Agro Industrial de Anápolis. Acredita-se que a implantação da BAAN e do DAIA iam de encontro aos objetivos dos governos do regime militar da época e, de quebra, traduzia aquilo que estava expresso na bandeira nacional, sob o título: “Ordem e Progresso”.

 

Figueiredo

A pesquisa realizada pelo CONTEXTO não encontrou registros sobre visita oficial do ex-presidente João Batista de Figueiredo à Base Aérea de Anápolis. Ele governou o País de 15 de março de 1979 a 15 de março de 1985, ano em que o Município voltou a escolher os seus mandatários pelo voto direto.

Na linha sucessória da Presidência da República, Tancredo Neves (PMDB) foi eleito para suceder João Batista Figueiredo, mas faleceu antes mesmo de tomar posse. Logo depois veio José Sarney, também do PMDB, que governou o País de 15 de março de 1985 a 15 de março de 1990. Não foi encontrado nenhum registro de visita oficial de Sarney na BAAN.

 

Voo supersônico

 


Fernando Collor de Melo, do PRN, sucedeu Sarney. Porém sofreu impeachment e o seu governo durou menos de dois anos (15 de março de 1990 a 29 de dezembro de 1992). Há um registro de que Collor fez um voo em um supersônico da FAB. Mas, esse voo não teria saído da Base Aérea de Anápolis, mas, sim, da Base Aérea de Brasília, conforme matéria de capa do Jornal do Brasil do dia 23 de abril de 1990. O destino foi o Rio de Janeiro e, na “viagem”, o presidente rompeu a barreira do som a mais de 1.200 Km/h. O avião, conforme descreve a matéria, era um F5B Tiger II de dois assentos.

Só para efeito de registro, no ano de 1972, a famosa revista Veja estampava em sua capa, com destaque, um caça da Base Aérea de Anápolis e título em caixa alta (letras maiúsculas): “O Mirage Brasileiro”. Para quem gosta de trocadilho, seria algo como “O Milagre Brasileiro”.

Fernando Collor teve como sucesso Itamar Franco, do PMDB, que governou o Brasil de 29 de dezembro de 1992 a 1º de janeiro de 1995. Não foi encontrado nenhum registro de visita oficial dele na Base Aérea de Anápolis.

 

Olhos da Amazônia


 

A partir de 2002, foi integrado à Base Aérea de Anápolis o 2º/6º Grupo de Aviação, com as aeronaves R-99 e E-99, equipadas com radares e equipamentos de sensoriamento remoto, com tecnologia embarcada de primeiro mundo para o projeto do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) e Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).

Fernando Henrique Cardoso, que ficou na presidência de 1º de janeiro de 1995 a 1º de janeiro de 2003, esteve na Base Aérea de Anápolis no dia 24 de julho de 2002, para a cerimônia de “batismo” e incorporação de três aeronaves do Sivam/Sipam, fabricados pela Embraer.

Na ocasião estiveram presentes várias autoridades civis e militares, entre elas o governador Marconi Perillo e o então comandante do 2º/6º GAV, Carlos Almeida Baptista Júnior, que recentemente foi indicado pelo Ministério da Defesa para assumir o Comando da Aeronáutica, cargo já exercido pelo seu pai, Carlos de Almeida Baptista, na época em que Fernando Henrique Cardoso governava o País.

 

Jaguar Honorário


 

O presidente Luís Inácio Lula da Silva esteve à frente do governo brasileiro de 1º de janeiro de 2003 a 1º de janeiro de 2011.

O petista esteve na Base Aérea de Anápolis no ano de 2006, na época, com o objetivo de entregar dois aviões Mirage comprados na França, de um total de 12 adquiridos para substituir a primeira geração do caça. Na época, houve críticas por parte da imprensa, já que não eram aviões novos, mas já estavam em “gestação” do projeto FX para a renovação da frota da FAB e que, mais tarde, teve desdobramento com o projeto FX-2, que culminou na aquisição dos caças Gripen, fabricados pela empresa sueca SAAB. O que já é uma outra história.

Mas, Lula também acabou sendo homenageado com a entrega do título de “Jaguar Honorário”, distinção que se refere aos pilotos de caça integrante do 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA).

Sucessora de Lula, a também petista, Dilma Rousseff, não chegou a fazer visita oficial à Base Aérea de Anápolis, mas foi no seu governo que se bateu o martelo para a aquisição dos novos caças Gripen. Dilma Rousseff exerceu a Presidência da República entre 1º de janeiro de 2011 e 31 de agosto de 2016. Também foi alvo de impeachment.

Também não há registros sobre visita oficial do Presidente Michel Temer (PMDB), que sucedeu Dilma Rousseff, no período entre 31 de agosto de 2016 e 1º de janeiro de 2019.

 Gigante do ar

 


O atual presidente Jair Bolsonaro, eleito pelo PSL e em exercício de mandato a partir de 1º de janeiro de 2019, participou da solenidade oficial de entrega e incorporação da primeira aeronave multimissão KC-390 Millenium à ALA 2.

O evento contou com a presença de várias autoridades, entre elas, o governador Ronaldo Caiado; o prefeito Roberto Naves; o então comandante da Aeronáutica, Antônio Carlos Moretti Bermudez; o Presidente da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider; além de vários ministros de Estado, deputados e senadores.

O governo brasileiro adquiriu 28 aeronaves, que ficarão sediadas na ALA 2, em Anápolis. Os aviões, de grande porte, têm tecnologia de ponta embarcada e já atraem o interesse de diversos países para a sua aquisição.

 Gripen

Em setembro do ano passado, o Brasil recebeu a primeira unidade do F-39E Gripen. Entretanto, trata-se de uma aeronave para ensaio de voos, ou seja, para testes. Até o final deste ano, a Ala 2 deve receber as primeiras unidades que, efetivamente, vão compor a nova frota de caça do País e, a partir daí, mais capítulos serão abertas no livro da história da nossa Base Aérea de Anápolis.


 

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