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Nos tempos da vacina...!!!


 

Tempos outros, vacinar era quase que um rito. Mães e pais arrumavam a “domingueira” das crianças que elas fossem ao posto de saúde para tomar os imunizantes. Claro que não é um programa que qualquer criança gosta. Ainda mais, sendo a vacina aplicada com seringa e agulha.

 


Há vários relatos históricos sobre as vacinas no Brasil e fatos bem interessantes. Por exemplo, lá nos idos de 1903, o médico e cientista Oswaldo Cruz trabalhou à frente de um plano de combate à febre amarela, cujo vetor de transmissão é um “conhecido” nosso: o mosquito Aedes aegypti.

Na época, ele enfrentou dura resistência popular às medidas sanitárias feitas com brigadas que entravam nas casas para eliminar focos de insetos. Parece bem atual.

No ano seguinte, em 1904, Oswaldo Cruz enfrentou mais uma batalha, quando tentou promover uma vacinação em massa contra a varíola.

Consta que os jornais da época se posicionaram contra a medida. O Congresso organizou uma liga contra a vacinação obrigatória e, em novembro daquele ano houve um forte movimento, no Rio de Janeiro, que entrou para a história como a Revolta das Vacinas, logo reprimida pelo Exército. O Governo, entretanto, suspendeu a obrigatoriedade.

No ano de 1907, resultado do trabalho de Oswaldo Cruz, a febre amarela foi erradicada no Rio de Janeiro. No ano seguinte, houve uma nova epidemia de varíola e, dessa vez, a população é que foi aos postos em busca da vacina.

Mas, enfim, tivemos aí vários outros marcos históricos como o início da campanha contra a Poliomielite (paralisia infantil), em 1971. A doença, hoje, está erradicada no Brasil, mas, ainda assim, é feita a manutenção da vacina para evitar que ela volte.

Em 1973 foi instituído o Programa Nacional de Imunização, hoje considerado um dos maiores do mundo. Em 1977 surgiu a Carteira (ou caderneta) de Vacinação.

 

Zé Gotinha

E, no ano de 1986, surgiu o personagem símbolo da vacinação contra a pólio, o simpático Zé Gotinha, muito amado pelas crianças e, até hoje, presente nas peças de divulgação de campanhas de vacinação no País.

Também tivemos em algumas campanhas do Ministério da Saúde, a participação de personagens dos quadrinhos como a “Turma da Mônica”, para incentivar crianças e adolescentes a praticarem a prevenção de doenças.

Muitas pessoas carregam uma cicatriz no braço, depois de terem tomado a vacina BCG na infância. Nada de errado, é um processo natural do imunizante.

Ao longo de décadas e décadas, as vacinas se tornaram um aliado da saúde pública para a preservação de vidas.

Hoje, entretanto, com a pandemia do novo coronavírus, aqui no Brasil e em outras partes do mundo, há muitos questionamentos acerca das vacinas, em particular, a que agora começa a chegar para nos proteger de um vírus que se propaga de forma rápida e com alto grau de letalidade.

Há, inclusive, um viés político em torno da vacina. E, claro, numa sociedade democrática, cada um tem direito de acreditar ou não; de defender, ou não. Mas, não pode haver desrespeito às convicções e decisões de cada um. A história está aí para mostrar qual o papel das vacinas e o quanto elas salvaram vidas. É um bom argumento. Ou, não?

 

Linha do tempo da vacinação no Brasil

1904: Obrigatoriedade da vacinação contra varíola.

1961: Início da produção no Brasil de vacina contra varíola e realização das primeiras campanhas com a vacina oral contra poliomielite.

1966: Início da Campanha de Erradicação da Varíola.

1971: Implantação do Plano Nacional de Controle da Poliomielite.

1973: Certificação Internacional da Erradicação da Varíola no Brasil; Instituição do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e realização de campanhas de vacinação contra o sarampo em diversos estados brasileiros.

1975: Realização da Campanha Nacional de Vacinação contra a meningite meningocócica.

1977: Aprovação da meta de imunizar todas as crianças do mundo até 1990. Definição das vacinas obrigatórias para os menores de um ano em todo o território nacional e aprovação do modelo da Caderneta de Vacinações válida em todo território nacional.


 

1986: Criação do personagem-símbolo da erradicação da poliomielite, o Zé Gotinha.

1987: Mudança na formulação da vacina oral contra a poliomielite, aumentado a concentração do poliovírus tipo 3.

1989: Ocorrência do último caso de poliomielite no Brasil.

1991: Introdução da vacinação contra a febre amarela na rotina permanente das áreas endêmicas; Início do Plano de Eliminação do Tétano Neonatal, com vacinação de mulheres em idade fértil, nas regiões de risco.

1992: Implantação do Plano Nacional de Eliminação do Sarampo, com campanha nacional em menores de 15 anos. Implantação da vacina contra Hepatite B em todo país. Implantação da segunda dose da vacina contra sarampo aos 15 meses, em todo país.

1996: Realização de campanha nacional de vacinação contra hepatite B.

2000: Concretizado calendário básico para vacinação dos povos indígenas. Realização da terceira campanha nacional de vacinação contra sarampo de seguimento para a população de um a 11 anos, com cobertura de 100%.

2008: Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola, com 67 milhões de pessoas vacinadas.

2010: Incorporação das vacinas pneumocócica 10-Valente e da Meningocócica C no calendário infantil.

2010: Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe Pandêmica.

(A linha do tempo tem informações do Ministério da Saúde)

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