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Uma crônica para o Dia do Jornalista

   

O tempo passa...o tempo voa!... E o baú de recordações vai se enchendo de memórias. Mas a nossa memória às vezes não consegue ser tão precisa quanto a memória de um computador. Entretanto, independente da precisão, vale o registro. E, nada como registrar 30 anos passados em uma profissão. Para não cansar com o famoso “textão”, já aviso logo que esta crônica poderá ser dividida em partes. E a primeira delas seria essa:
   Meus primeiros passos no jornalismo começaram a ser dados há três décadas. Me formei no meio do ano de 1989, três anos e meio depois de ingressar no curso da, então, Faculdades Integradas de Uberada (Fiube), hoje, Universidade de Uberaba (Uniube). Não que eu fosse exatamente um aluno exemplar, mas, naquela época, o sistema de créditos permitia fazer o tanto de matérias quanto fosse possível no semestre e, então, adiantei algumas e consegui formar-me com um semestre de antecedência, fora da minha turma original.
   Não teve festa de formatura, foi só mesmo pegar o “canudo”, sem nada dentro. Nosso plano, da turma original, era uma verdadeira viagem: ir para o Peru, conhecer Machu Picchu, de trem. Ficou só na “viagem”, mesmo! Mas, acabamos ganhando uma caixa de cerveja na casa de um professor para comemorar. Lamentavelmente, minha família não esteve presente, devido ao passamento de uma tia, numa circunstância trágica.
   Depois do “canudo”, fazia pequenos “bicos”, escrevia artigos. Não recordo bem a data, mas uma de minhas primeiras pautas foi política, uma entrevista com o empresário e ex-Governador Onofre Quinan, do PMDB, que mais tarde seria eleito Senador da República e autor de um processo contra o Jornal O ANÁPOLIS, onde trabalhei por vários anos como repórter e editor, onde oficialmente, minha carreira se iniciou na prática. E o veículo para o qual fiz aquela primeira entrevista.
Numa ocasião, foi publicada uma charge no seminário e eu, mesmo que não tenha feito (porque, aliás, sou péssimo desenhista) ou autorizado, fui parar diante de um juiz, na época, respondendo a um processo criminal. O magistrado, à época, confidenciou que era o seu primeiro caso de julgamento com base na Lei de Imprensa. Gelei! Seria, eu, seu primeiro condenado?
   Relato este fato, não tanto pelo aspecto do jornalismo em si e nem pelo fato de que foi este, também, o único processo que me envolvi nestas três décadas de exercício profissional, mas porque nessa história surgiu um fato e uma pessoa que acabou me marcando: o médico Illion Fleury, que foi então arrolado como testemunha da acusação. E, faço questão de mencioná-lo, por reconhecer a sua conduta e o seu bom caráter. Ele, ao ser questionado sobre a minha pessoa, dissera perante o Juiz não me conhecia bem, mas que conhecia a minha família, e que era uma família de pessoas honradas e que não tinha nada que me desabonasse.
   Creio que esse depoimento foi importante no desenrolar do processo, o qual não terminou da forma trágica como eu havia pensado. Alguns anos mais tarde, infelizmente, atuando como repórter, tive que cobrir a morte do Dr. Illion, numa circunstância muito trágica, e assim o fiz, com o maior profissionalismo possível e de maneira responsável, demonstrando minha eterna gratidão pela sua retidão.
   Segui adiante na profissão. E, como todo “foca”, no começo, era preciso passar pela experiência da cobertura policial. Não era fácil. Tinha que ir cedo para a delegacia pegar os livros de ocorrências registradas pelos escrivãos à mão, ler tudo e tirar aquilo que era mais interessante.
Também era preciso acompanhar os casos mais rumorosos. Foram vários, um deles, a prisão de um criminoso conhecido pela alcunha de “Corta Goela”. Nem precisa dizer o que ele fazia com as suas vítimas. O delegado que fez a prisão e acompanhava o caso, me chamou para fazer uma entrevista com o tal Corta Goela. Ele até se dispôs a abrir a cela para que eu ficasse mais próximo do entrevistado. Mas, por razões óbvias, preferi fazer a entrevista do lado de fora mesmo. Vai que o sujeito ficasse com raiva de alguma pergunta. Certamente, não estaria aqui hoje fazendo esse relato.
   Mas, também, a vida de repórter tem situações engraçadas. Certa vez, acabei de sair da redação e ia para casa almoçar. Ao passar em um movimentado cruzamento, deparei com duas viaturas do Corpo de Bombeiros em alta velocidade e sirenes ligadas indo na direção do Centro da Cidade. Não deu outra, dei uma “goianada” e engatei atrás das viaturas. Acho que até passei em algum sinal vermelho, mas, ainda assim, fiquei um pouco distante.
   Contudo, minutos depois, perto da Praça Americano do Brasil, avistei as viaturas. Peguei o bloco de anotações e a máquina para registrar o que seria um grande sinistro. Saí correndo e, chegando ao local, veio a frustração: a ocorrência era um vazamento de um botijão de gás de uma lanchonete. Não teve nada. Voltei sem graça e sem parte do meu horário de almoço. Nem contei lá no jornal sobre a minha façanha de perseguição aos Bombeiros em busca do “furo”. Furo, mesmo, literalmente!
Bom, termino por aqui para não cair no textão. Como é bom recordar!
   Aliás, a foto que ilustra essa crônica me foi encaminhada pelo amigo e companheiro de profissão, Orisvaldo Pires. Ele abriu o seu baú de recordações e encontrou essa raridade nos seus arquivos, me presentou com uma boa lembrança.
Acabou, e ainda ficou “textão”!

Comentários

  1. Um grande aprendizado trabalhar ao seu lado, já por mais de uma década.

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