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Lembranças da infância



 Um pouco de saudosismo, às vezes, não faz mal. Lembrar o passado é tirar conhecimento para o presente. Quando criança, tempos atrás, não havia tanta facilidade de consumo quanto temos hoje. Poucas eram os colegas e amigos que ganhavam uma mesada do pai. O que rolava era uma moeda aqui e outra ali, às vezes, um dinheirinho a mais nos dias de domingo ou de presente no aniversário.
Refrigerante não era sempre que dava para comprar. E, quando era possível, muitos vão lembrar da Crush, Bidú Cola, Baré, Jaó e por aí vai. Bom mesmo, era ir à venda do Bira, na equina da Praça das Mães comprar Suspiro, Maria Mole, aquele chocolate que parecia um guarda-chuva e, claro, as balinhas: Às (do baralho) e a soft (aquela redonda que era danada para engasgar menino). Quando muito, rolava um chocolate Baton, um Prestígio ou, até, um Sonho de Valsa. Além daqueles da moedinha de 1 e do cigarrinho.
  Vamos aos sorvetes. Na Praça do Coreto, tinha o Bar Elite onde se vendia os melhores da época. Tinha a Taça, o Chuvisco (misturado com Guaraná ou Coca-Cola, batizados de vaca amarela e vaca preta, respectivamente) e o famoso, porém, caro na época e pouco acessível: Banana Split. Não raro, juntávamos dois ou três para tomar aquela delícia preciosa...e gostosa! Entretanto, o mais consumido era aquele da máquina com umas garrafas coloridas em cima. E dá-lhe corante neles! Mas, show de bola! Depois, veio o Sorvete Italiano, mais atrativo no visual e com um sabor mais,digamos, refinado. Afinal, era um italiano. Mas, um italiano muito brasileiro.
  Bom mesmo era quando chegava o Natal. Aquela expectativa de poder passear com a família à noite nas ruas, todo mundo a pé, sem medo de ser furtado ou assaltado na esquina.
  Em Anápolis, o setor central era o point. As principais ruas e avenidas: Goiás, Barão, Engenheiro Portela e a General Joaquim Inácio ficavam enfeitadas com um tipo de “rabiola” de lâmpadas coloridas de bolinha. Era só o trançado de luzes, não tinha ornamentos. Mas, apesar da simplicidade, comparado ao que há hoje, era muito bom para a época, porque o importante era viver o clima da festa.
  Em algumas lojas maiores, como a Papelaria Glória ou a Ipanema, quase sempre havia um Papai Noel na porta oferecendo balinhas às crianças que passavam agarradas aos pais, algumas como medo daquele bom velhinho.
  A Praça Bom Jesus era um atrativo turístico. Ali muita gente passava um bom tempo caminhando em volta da fonte luminosa e comprando pipoca, algodão doce e outras guloseimas.
Quando chegava às vésperas do Natal, já estávamos ouriçados para saber qual seria a surpresa do Papai Noel. Em nossa casa, na Praça das Mães, tinha um guarda-roupas alto com maleiro em cima. Daí, descobrimos que era ali que o Papai Noel deixava os presentes para serem entregues na noite do dia 24 para o dia 25 (nascimento de Jesus e o verdadeiro sentido da celebração).
  A curiosidade era tanta, que não tinha como dar uma espiada nos pacotes que haviam no guarda-roupa. Um certo dia, descobri meu presente: era um Kichute, um tênis com cravo, feito chuteira, de lona e cor preta, muito popular na época. O presente fazia todo sentido, porque era parte do uniforme escolar.
  No ano seguinte, a mesma euforia e a mesma curiosidade. Lá vamos nós de novo ver os pacotes do guarda-roupas. Para minha surpresa, meu presente seria um Kichute. Comecei a desconfiar desse Papai Noel, porque ele estava muito pragmático, bem parecido com o meu pai. Contudo, o importante é que independente do que era o presente, não tinha nada melhor do que viver a infância e estarmos todos juntos em família no Natal.



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