Avançar para o conteúdo principal

Meu Araguaia...!

   

Julho é um mês importante para Goiás e os goianos, afinal, é a temporada do Araguaia que leva milhares de pessoas para curtir o rio mais charmoso do Estado. Além, do contato com a natureza exuberante formado pelas suas águas, areias, fauna e flora, o Araguaia, claro, é um lugar ideal para se curtir a juventude.
   Sim, e lá vamos nós: eu, Márcio e Celso para uma aventura no Araguaia, no alto da temporada, cheios de razão, num Corcel vermelho ano 73, pouco dinheiro no bolso e animação de sobra. Pegamos a estrada com destino a Aruanã, onde tínhamos como referência um acampamento de um capitão e sua família, pioneiros nos acampamentos naquela região. Assim, tínhamos uma referência e uma beirinha para encostar.
   A viagem na ida foi tranquila. Até de mais, já que o possante Corcel 73 não poderia passar dos 80 Km por hora, senão quebrava uma tal de cruzeta. Saímos bem cedinho e, já com o por do sol, lá estávamos nós, à beira do Araguaia. O pessoal do acampamento do capitão nos recebeu com muita alegria e, logo, já nos enturmamos com o pessoal dos acampamentos em volta. Toda noite, tinha um luau regado a cerveja e boa música.
   A noite de lua cheia, com o seu clarão refletindo sobre a areia do Araguaia é uma coisa idescritível. Não dá para imaginar como as pessoas – algumas – não têm zelo por um lugar como este, um verdadeiro santuário ecológico que proporciona tantas coisas boas.
   Mas, lá estávamos nós, curtindo a temporada. Havia um pessoal de Anápolis que estava num grande acampamento. A turma inventou uma rádio, através de um alto falante, que funcionava dia e noite, com muita piada e utilidade pública: “Atenção, atenção todos nos acampamentos, uma senhora está perdida na praia com uma bolsa. Quem achar a velinha leva ela e deixa a bolsa”. Coisas desse tipo. Muita gracinha, mas sem baixaria. Tinha também uma mocinha, cujo apelido era bem peculiar: “Cabritinha”, que ficava andando de um lado para o outro exibindo seu micro biquíni, fazendo saltitar os nossos hormônios. Diziam que se chamava Raimunda. Sei não, acho que estavam zoando.
   Numa bela manhã, acordamos dispostos a atravessar a nado o Araguaia em direção a Aruanã, onde estava havendo um torneio de vôlei. Nós não jogávamos nada, mas o bom era participar. Partimos para a aventura que, por pouco, não acabou em tragédia, porque o Celso começou a afogar e, por sorte, foi resgatado de barco pelos bombeiros sempre atentos. Uma multidão assistiu o resgate. Contudo, nosso amigo estava bem e não dispensamos o vôlei. Chegamos para nos inscrever e o nome da equipe foi sugerido por alguém: “Os afogados”. Apesar do susto, foi um dia animado.
   Porém, estava chegando a hora de ir. Pegamos a lancha e aportamos na cidade para pegar o Corcel e cair na estrada. Alguns quilômetros depois, chegando em Araguapaz, havia um posto policial e, para a nossa infelicidade, o PM estendeu a mão indicando que parássemos. O Celso estava dirigindo e não tinha CNH. Pior, havia, também, esquecido os documentos do carro. Contamos que estávamos acampados com o capitão - que todos conheciam - e isso já rendeu ponto a nosso favor. Contamos, ainda, que a habilitação e o documento do veículo tinham caído no rio. Pelo capitão, ele nos liberaria, mas tínhamos de voltar e fazer uma ocorrência. Como não podíamos voltar no carro, ficamos esperando uma carona. Pior é que, nesse dia, quase não havia movimento. A espera foi grande.
   Um pessoal que vinha do Rio de Janeiro foi parado no posto policial e lá ficaram, porque o reboque com a lancha não estava com o documento. Tentando ser mais espertos do que nós, os cariocas tentaram dar uma graninha para o policial e este, cumprindo seu dever, recusou e reportou o fato ao superior que estava no local: “Sargento, o rapaz aqui está tentando me subordinar!”, gritou. Lá de dentro, o Sargento respondeu, também gritando: “Não é subordinar não sua besta, é subornar!”. Não teve como não rir. 
   Era a nossa aventura no Araguaia chegando ao final, deixando muitas e boas histórias. Ah! Conseguimos fazer a ocorrência em Aruanã e os policiais nos liberaram depois de dar aquele “sabão”.

Comentários

  1. Muito bom , que aventura !!!! , O nome do guarda era Bidon , o sargento falava : eu sei que você gosta de um dinheirinho Bidon , que indignação é essa ?

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

    Henrique Santillo: o legado de um político que não se esgota   Claudius Brito- Matéria publicada no Jornal/Portal CONTEXTO- Não é exagero dizer que Henrique Santillo foi um dos políticos da melhor envergadura que não só Anápolis e Goiás tiveram, mas o Brasil. Não, apenas, pelo fato de ter ocupado vários cargos públicos, nos níveis municipal, estadual e federal. Mas, sobretudo, pela humildade, o zelo com a coisa pública e com a honestidade, que o marcaram numa trajetória que merece um lugar especial nos livros de história. Até hoje, ainda surge muita coisa do legado deixado por Henrique Santillo, que faleceu no dia 25 de junho de 2002, portanto, há 20 anos. Há poucos dias, uma campanha de resgate à história, realizada pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), trouxe à tona uma de muitas ações que marcaram a carreira de Henrique Santillo e que pouca gente conhece. A sua visão e participação num momento importante para Goiás, que foi a divisão do Estado, com o desmembra

Pirraça, o bar!

      As cidades têm lugares marcantes: pode ser uma praça, um lago, um bosque, uma construção antiga, um grande arranha-céu ou, então, um bar. Em Anápolis, este lugar especial se chamava Pirraça. O bar funcionou por mais de 20 anos na esquina da Praça Dom Emanuel, no Bairro Jundiaí, tendo à frente o Seu Ronaldo, Dona Beth e os filhos: Ronaldo, Rogério, Renato e Lílian. Foram mais de duas décadas, muitas amizades e histórias.    O Pirraça tinha um charme: as árvores que faziam sombra na parte da frente onde ficam as mesas, dentro de uma espécie de cercadinho. Havia um é de caju, um de abacate e uma mangueira frondosa. Vez por outra, o abacateiro e o pé de manga “presenteavam” os fregueses com as frutas que despencavam lá de cima. Por sorte, ninguém nunca se machucou. Ainda bem que não tinha jaca. Mas, o Pirraça tinha também algumas figuras ímpares, como os garçons Itamar e Baiano.   O primeiro com uma cara mais séria, e o baiano, mais sorridente e experiente e que, seg

Eventos marcam celebração dos 112 anos de Anápolis

Neste mês de julho, Anápolis comemora 112 anos de emancipação político-administrativa. Desde o último 02/07, a Prefeitura de Anápolis iniciou a programação oficial com o lançamento dos programas Graduação e Integração e a retomada das obras da Unidade Básica de Saúde do Leblon. Nesta terça-feira, 09/07, o calendário festivo tem sequência com a assinatura da ordem de serviço para a construção da UPA Norte. O evento será às 18 horas. Na quarta-feira, 10, será entregue a Praça São Sebastião, no bairro de mesmo nome, na Rua Paraguai, às 19 horas e, na quinta-feira, 11, o Prefeito Roberto Naves estará fazendo a retomada das obras de construção da Unidade de Saúde Vila Norte, às 18 horas. No dia 17, a programação prevê a inauguração da Central Especializada em Distribuição de Medicamentos, às 18 horas. No dia 18, a Prefeitura entrega dois equipamentos de saúde, um mamógrafo de 64 canais e três aparelhos de raio-x digital. Os eventos serão às 8 horas e 9 horas, respectivamente. Já