Nascido no Rio de Janeiro, em 12 de julho de 1917, filho de Pedro O’Dwyer e Guiomar Paiva O’Dwyer, o menino Waldyr O´Dwyer nasceu predestinado a assumir o papel de líder. E, ainda jovem, assumiu o desafio de entrar para o Exército Brasileiro. Chegou à patente de capitão e, hoje, é um dos poucos remanescentes dos pracinhas que integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que atuou nos campos de batalha da Itália, na Segunda Guerra Mundial.
Depois de retornar da guerra, o 6º.
Batalhão de Caçadores - que era sediado em Santos (SP) - recebeu a ordem de
retornar à sua sede, no município de Ipameri, na região da Estrada de
Ferro/Sudoeste Goiano, com o oficial Waldyr O’ Dwyer no comando da tropa. A
chegada deu-se no dia 21 de abril de 1946 e, naquele mesmo dia, ele conheceu a
jovem Hertha Layser, com a qual se casou naquele mesmo ano.
A convite do sogro, o empresário
Gustavo Layser, O’ Dwyer assumiu uma das diretorias das Indústrias Reunidas
Santa Cruz, que era constituída por um complexo industrial de charqueada,
curtume e fábrica de calçados, além de um haras.
“Minha atuação era mais ligada à parte
de agricultura e ao Haras Santa Cruz, que tinha uma criação de cavalos puro
sangue e fazíamos o melhoramento do rebanho da região. Tínhamos ali também a
missão de cuidar da remonta para o exército e o Jóquei Clube de Ipameri, que
participava de competições e havia, na época, muita disputa com a cidade de
Paracatu, no estado vizinho de Minas Gerais”.
Em função dos compromissos
empresariais assumidos, Waldyr O’ Dwyer, solicitou a dispensa do serviço ativo
do Exército, passando à reserva não remunerada e, em seguida, sendo promovido à
patente de capitão.
O comércio de charque apresentava
dificuldades por causa da energia elétrica e, principalmente, o transporte, que
eram incipientes. Surgiu, então, a ideia de um grupo de São Paulo, para que
fosse comercializados alguns produtos especiais derivados da carne, porque o
charque possuía baixo valor agregado. E, diante o desafio, surgiu uma outra
ideia: a de se construir, na região, a primeira câmara frigorífica. Faltava a
questão do transporte. Para isso, foi celebrada uma parceria com uma pequena
empresa de aviação de São Paulo, utilizando a pista que havia para pousos e
decolagens das aeronaves do Correio Aéreo Nacional. Era praticamente uma
aventura, mas deu certo.
Com o tempo, foi cessado o transporte
aéreo e a empresa viu-se obrigada a interromper o comércio com São Paulo.
Entretanto, em 1959, surgiu uma nova oportunidade.
Waldyr O´Dwyer foi convidado a assumir o
primeiro frigorífico de Goiás, construído em Anápolis e que tinha como sócio
majoritário, à época, o Governo do Estado. Desafio aceito, em 1960 as
atividades foram iniciadas com algumas dificuldades. Mesmo assim, foi possível
realizar progressos, como a instalação de duas câmaras frigoríficas.
“Assim, começamos a fornecer carnes
resfriadas para Brasília, antes de a capital do País ser inaugurada”.
Uma passagem interessante ocorreu
naquele período: o presidente da Novacap, Israel Pinheiro, que era responsável
pelas obras de Brasília, ficou entusiasmado com o projeto e forneceu um terreno
na Avenida W3, onde surgiu a primeira casa de carnes. E, numa certa ocasião,
Israel Pinheiro apareceu ao local com ninguém menos que o presidente Juscelino
Kubistchek, que de maneira muito amável, abraçou O´Dwyer o cumprimentando pelos
feitos.
Mas a história não parou por aí. Com o
sucesso dos negócios, foi adquirido o Frigorífico Martingo, que na época tinha
um maquinário mais moderno e uma bela fazenda no caminho para Trindade. Logo
depois, surgiu a proposta de um grupo grande de São Paulo que tinha um projeto
para construir um frigorífico destinado à exportação de carnes para a Europa.
O´Dwyer fez a parceria, mas os outros sócios não acreditaram e preferiram
vender as ações. O negócio fluiu, mas daí veio um contratempo: o Brasil,
repentinamente, passou da condição de exportador para importador. Depois de uma
fase difícil, onde o governo passou a intervir nos frigoríficos sob o pretexto
do “milagre brasileiro” para combater a inflação galopante da época, veio a
oportunidade de negociar as ações do frigorífico.
A essa altura, com larga visão
empreendedora, o empresário capitão Waldyr O´Dwyer já trabalhava para trazer
para Anápolis uma concessionária da Mercedes Benz-Toyota. A Anadiesel foi
fundada e constituída em 1963 e é o local de trabalho do guerreiro Waldyr
O´Dwyer.
Com a mesma garra, motivação e paixão
pelo que faz, capitão Waldyr entrou para o classismo. Diretor da Fieg,
juntamente com o presidente da entidade, Paulo Afonso Ferreira, ajudou a
implantar em Anápolis o primeiro núcleo regional. No Rotary Clube, é um dos
sócios mais antigos em atividade, com mais de 70 anos de serviços prestados ao
voluntariado. Também no classismo, foi um dos fundadores e o primeiro
presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material
Elétrico de Anápolis (Simmea), cargo que ocupou por cinco mandatos consecutivos,
de 1977 até 1991.
Detentor de dezenas honrarias, Capitão
Waldyr é um ícone da industrialização de Goiás. Um líder que merece todas as
reverências, pela folha de serviços prestados nas diversas áreas em que atual,
em especial, na Fieg Regional de Anápolis, a “menina dos seus olhos”.
(Texto original do livro: “Fieg Regional Anápolis – Uma história de
lutas”- Claudius Brito/Mariana Oliveira – 2015)
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