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Mãe!


  

Três letras que foram uma palavra pequena, mas de um significado imensurável. Não dá para imaginar quanta coisa cabe nesta palavra, porém, duas outras palavras, certamente, resumem tudo: vida, amor!
  Mãe nasceu na pequena e distante Lizada, hoje Estado do Tocantins, divisa com o Maranhão. Na época dos primeiros filhos, a cidade não tinha médico, não tinha energia elétrica e nem água encanada. Era uma verdadeira batalha, certamente, criar filhos nestas condições. Mas, ela assim foi criada também, em meio a muitas dificuldades e não só sobreviveu, como deu luz a sete vidas, as três primeiras lá mesmo, em Lizarda; uma em Carolina, quase que dentro de um avião e três em Anápolis.
Mãe, pela responsabilidade que já tinha desde jovem no seu casamento - diga-se de passagem uma união feliz, duradoura e rodeada de muito amor e afeto – não teve como chegar muito longe nos estudos. Mas, mesmo assim, põe muita gente no chinelo e tem aquilo que é uma dádiva para poucos: a sabedoria.
  Sabedoria e coragem. Sabendo da necessidade de educar a sua prole, deixou para trás a terra natal para morar em Anápolis, no começo da década de 1960. Por aqui, já havia condições melhores. No entanto, a batalha continuava grande.
  Pai foi à luta com o seu irmão trabalhar num pequeno negócio de venda de óleo de babaçu a granel que, tempos depois virou uma indústria de óleo de arroz e depois o famoso Sabão Oeste. A indústria se chamava Boa Sorte, nome antigo de Lizarda. Para não esquecer as raízes.
  Mãe não trabalhava fora. Era dona de casa, com muito orgulho, e costureira de mão cheia. Fazia roupas para as madames, entre elas, esposas de oficiais que chegavam para a Base Aérea. Na casa da Praça das Mães, havia um pequeno quartinho de costura e uma máquina Singer, com a qual trabalhava como uma verdadeira fashionista. Naquele tempo, talvez, nem existia este termo. Constantemente, ela me mandava comprar linhas, botões e outros acessórios. Na época, não gostava muito, pois a turma da praça zoava com isso. Mas, sempre fazia o meu dever de pronto, porque não tinha como faltar com este pequeno apoio.
  Mãe sempre teve um coração grande. Nossa casa na praça vivia cheia de gente que vinha lá do Norte para tratar da saúde e, não raro, ficavam dias e, até, meses. E ela dava conta de tudo e de todos, sem nunca reclamar.
  Toda luta e coragem de Mãe valeu à pena. Dois irmãos se tornaram engenheiros eletrônicos; um físico; uma farmacêutica e empresária; um químico industrial e, hoje, também empresário no segmento de gastronomia; uma filha se tornou empresária no ramo de farmácia de manipulação; e, no fim da prole, um jornalista. Todos são pais e mães que, no aprendizado de vida, constituíram famílias de bem. Infelizmente, um irmão não está em vida entre nós. Mas, deixou também uma bela família e um legado de bons exemplos.
  Mãe tem hoje 92 anos de idade, vários netos e bisnetos. Uma vida irretocável e com uma história de amor digna dos mais belos filmes de Hollywood.
Nesta hora, quando a gente para pensar neste tesouro que se chama Mãe, as demais coisas se apequenam. Não há nada que possa ser mais valioso. E tudo está nesta palavrinha mágica: Mãe!

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